domingo, 20 de março de 2011

Sessão de Debate: A velhice é vida: Ame-a!

O dia 9 de março marcou o inicio de mais uma actividade no nosso projecto. Abrimos espaço à conversa, aqui cada um ouve e fala sobre um assunto proposto partilhando histórias e realidades.
O nosso primeiro tema foi forte e trouxe momentos de alguma nostalgia. Durante aqueles instantes pensamos no que é envelhecer, no que se pode fazer para envelhecer melhor, no que os outros esperam de nós, o que nós esperamos dos outros, mas sobretudo... demos expressão à velhice!
Através da nossa conversa percebemos que não há como envelhecer... que não chegar a esta etapa da vida é sinónimo de morrer novo e ficar sem histórias, experiências e vivências por contar...
Nós somos o resultado das nossas escolhas, mas precisamos de viver para as fazer... envelhecer é bom, é natural, é uma experiência que só se pode falar quando se sente e se vive...
Um dia seremos velhos, simplesmente porque já não somos novos, mas teremos muito para contar...

Um comentário:

  1. Envelhecer é coleccionar aniversários, mesmo que a perspectiva mais óbvia seja essa mesma, a do envelhecimento, mas também isso é uma dádiva e sinónimo de outros estados de espírito que têm que ser bem aproveitados.

    Coleccionar aniversários pode ser algo muito bom, se conseguirmos ir ganhando maturidade, conhecimentos, paciência, confiança em nós próprios e, em simultâneo, mesclando esse caminho com partículas da adolescência e até da infância. Viver cada dia como se fosse o último, celebrar a alvorada, bem como o panorama castanho outonal, quando pisamos as folhas que caiem das árvores, que nos devolvem aquele barulho único, debaixo dos nossos pés.
    A capacidade de apreciar barulhos e ouvir coisas que tantas vezes nos passaram despercebidas, por tão pequenas nos parecerem e tão grandes as sentirmos, quando nelas reparamos, é indescritível.

    Coleccionar aniversários permite-nos ter a capacidade de baralhar as sensações dentro dos próprios sentidos: sentir o cheiro das cores, o toque suave das nuvens, o som do silêncio, o calor da música. E que importância que todo este mundo pode ter, dentro do nosso mundo visível de confusões, de pressas, de trabalho feito e por fazer…

    Coleccionar aniversários é celebrar cada um como se fosse o primeiro, é estar-se apaixonado pela vida. Diz-se que se se pudesse ensinar qualquer coisa aos homens, seria que não é por envelhecerem que deixam de se apaixonar; é por perderem a capacidade de se apaixonarem, que envelhecem. A maioria dos homens e mulheres atribui a possibilidade deste sentimento apenas a uma relação entre pessoas. Como estão enganados… A vida deverá ser a nossa eterna paixão que, como um nevoeiro denso e doce, tem que cobrir todos os aspectos da nossa vivência, de modo a dar-lhe intensidade, sabor, enfim, de modo a dar-lhe razão de existência.

    Coleccionar aniversários é ganhar essência, para ser dada e partilhada com os que nos rodeiam. É o presente de quem faz anos para os que, com essa pessoa, partilham esse momento. Não se vê, mas sente-se. E está tudo dito. A vida tem que ser, precisamente, uma troca de essências. Tudo o resto é acessório.

    Coleccionar aniversários é recordar os momentos melhores da nossa existência. Outros houve que não foram tão bons, mas que nos ajudaram a aprender lições de vida ou vivem no nosso peito, no quarto da tristeza, como por exemplo, o momento da partida de alguém que nos era querido e que nos fez uma cicatriz de crescimento, que viverá para sempre connosco. A nossa memória trata de nunca apagar esse ficheiro, sendo nosso dever recordar.

    Coleccionar aniversários é celebrar o presente, virando a cabeça para o passado, rindo de quem já fomos, de forma saudável, sem negarmos essa existência, olhando em frente, para o futuro, que se quer continuar a construir, num equilíbrio entre a firmeza e a tolerância, com amizade e trabalho, com risos e com choros e acima de tudo com pessoas.

    Coleccionar aniversários é perdoar: há quem não saiba coleccionar aniversários. É ouvir, sentir, dar voz aos cinco sentidos e a todos os outros que não vêm nos manuais da escola e que não se aprendem: crescem dentro de nós, de forma espontânea, não como uma erva daninha, mas antes como uma flor do campo que, no meio do verde, nos levanta um sorriso e nos faz perguntar, como é que apareceu ali, enquanto, interiormente, lutamos para decidir se a trazemos connosco ou se a deixamos continuar a crescer e a viver. No seu lugar. Para que outros se possam deliciar, do mesmo modo que nós, resistindo à tentação de sermos egoístas.

    Coleccionar aniversários é venerar os amigos: somos parte deles, a eles devemos também a nossa maneira de ser, a eles devemos estar agradecidos, por nos acompanharem neste percurso, por serem quem são, por nos ouvirem e porque, como dizia alguém, quem tem um amigo, não é inútil, acrescentando que, os amigos são os que entram, quando todos os outros saem.
    Coleccionar aniversários é, também, ouvir dizer: Parabéns!
    Parabéns também ao Criar Afectos que trouxe para a minha vida, sem o saber, sem suspeitar, a dádiva de novas vidas!

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